sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Carne é Fraca

Quando alguém procura uma desculpa para justificar suas fraquezas, é comum ouvimos a afirmativa de que a carne é fraca.

A culpa, portanto, é da carne, ou seja do corpo físico.

Esse é um assunto que merece mais profundas reflexões.

O alemão Hahnemann, criador da medicina homeopática, fez a seguinte afirmativa: "o corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao espírito. A não ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade?"

Sábia consideração essa, pois encerra grandes verdades.

Culpar o corpo pelas nossas fraquezas equivaleria a culpar a roupa que estamos usando por um acesso de cólera.

Quando a boca de um guloso enche-se de saliva diante de um prato apetitoso, não é a comida que excita o órgão do paladar, pois sequer está em contato com ele.

É o espírito, cuja sensibilidade é despertada, que atua sobre aquele órgão através do pensamento.

Se uma pessoa sensível facilmente verte lágrimas, não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao espírito, mas precisamente a sensibilidade deste que provoca a secreção abundante das lágrimas.

Assim, um homem é músico não porque seu corpo seja propenso à musicalidade, mas porque seu espírito é musicista.

Como podemos perceber, a ação do espírito sobre o corpo físico é tão evidente que uma violenta comoção moral pode provocar desordens orgânicas.

Quando sofremos um susto, por exemplo, logo em seguida vem a sudorese, o tremor, a diarréia, etc.

Outras vezes, um acesso de ira pode provocar dor de cabeça, taquicardia, e até mesmo deixar manchas roxas pelo corpo.

Quanto às disposições para a preguiça, a sensualidade, a violência, a corrupção, igualmente não podem ser lançadas à conta da carne, pois são tendências radicadas no espírito imortal.

Se assim fosse, seria fácil, pois não teríamos nenhuma responsabilidade pelos nossos atos, desde que, uma vez enterrado o corpo, com ele sumiriam todas as fragilidades e os equívocos cometidos.

Toda responsabilidade moral dos atos da vida fica sempre por conta do espírito imortal, e não poderia ser diferente.

Assim, quanto mais esclarecido for o espírito, menos desculpável se tornam as suas faltas, uma vez que com a inteligência e o senso moral nascem as noções do bem o do mal, do justo e do injusto.

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Todos nós, sem exceção, possuímos na intimidade a centelha divina, a força capaz de conter os impulsos negativos e fazer vibrar as emoções nobres que o Criador depositou em nós.

Fazendo pequenos esforços conquistaremos a verdadeira liberdade, a supremacia do espírito sobre o corpo. E só então entenderemos porque Jesus afirmou: "vós sois deuses, podereis fazer o que eu faço, e muito mais."

A Brandura

"Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra".

Por esta e outras máximas, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.

Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês que alguém possa usar para com seus semelhantes.

Podemos perceber, dessa forma, que os ensinos de Jesus não são bem compreendidos por nós e, menos ainda, vivenciados.

Prova disso é o nosso comportamento diário, diante de situações e pessoas.

Um dia desses, transitávamos por uma rua da nossa cidade e paramos no sinal fechado.

Observamos no veículo ao lado um adesivo com a seguinte citação evangélica: "Já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim".

De fato a frase chamou-nos a atenção pela beleza da idéia que contém, mas infelizmente não retratava a realidade.

Ao aproximar-se um desses garotos que entregam panfletos de propaganda nas esquinas, a senhora que dirigia o veículo, o tratou com aspereza.

Gesticulando raivosa espantou o menino, que afastou-se um tanto desorientado.

É muito comum percebermos esse tipo de situação, pois Jesus tem sido muito divulgado ultimamente, mas pouco vivido.

Para que o cristo possa de fato viver em nós, é necessário que nos esvaziemos um pouco do egoísmo.

Enquanto estivermos cheios de nós mesmos, certamente não haverá lugar para Ele em nossa intimidade.

É muito fácil viver os ensinamentos de Jesus dentro dos templos religiosos que freqüentamos, onde a situação e as pessoas nos favorecem.

Quando tudo está calmo e todos se comportam com serenidade, é fácil ser brandos e pacíficos.

Todavia, os ensinos do Mestre de Nazaré devem ser vivenciados 24 horas por dia.

É verdade que algumas coisas não são bem como gostaríamos que fossem.

Não nos agrada encher o veículo de papéis de propaganda, mas será preciso agredir com palavras aqueles que os entregam?

Agindo assim, deixamos de lado outro ensino do Cristo: "fazer ao próximo o que gostaríamos que ele nos fizesse".

É importante, antes de agirmos com rudeza, colocarmo-nos no lugar do outro e nos perguntarmos como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos em seu lugar.

Se fizermos isso, com toda certeza não nos equivocaremos mais, e por conseguinte estaremos agindo como verdadeiros cristãos.

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Você sabia que os mundos também evoluem e tornam-se cada vez melhores?

É por isso que Jesus afirmou que são bem-aventurados os brandos porque possuirão a terra.
 
É assim que se expressa a justiça divina. A ninguém desampara, mas também a ninguém privilegia, todos temos as mesmas chances, basta que saibamos aproveitá-las.

sábado, 5 de novembro de 2011

Tristeza sem razão

Por vezes, erguemo-nos pela manhã envoltos em nuvens de tristeza. Se alguém nos perguntar a causa, com certeza não saberemos responder.

Naturalmente, atravessamos as nossas dificuldades. Não há quem não as tenha. É o filho que não vai bem na escola, o marido que vive a incerteza do desemprego, um leve transtorno de saúde.

Nada, contudo, que seja motivo para a tristeza profunda que nos atinge.

Nesse dia tudo parece difícil. Saímos de casa e a entrevista marcada não se concretiza. A pessoa que marcou hora conosco cancelou por compromisso de última hora. E lá se vão as nossas esperanças de emprego, outra vez.

O material que vimos anunciado com grande desconto já se esgotou nas prateleiras, antes de nossa chegada. A fila no banco está enorme, o cheque que fomos receber não tinha saldo suficiente.

É... Nada dá certo mesmo! Dizemos que nem deveríamos ter saído de casa, nesse dia. Agora, à tristeza se soma o desalento, o desencanto.

Consideramo-nos a última pessoa sobre a face da Terra. Infelizes, abandonados, sozinhos.

Ninguém que nos ajude.

E, no entanto, Deus vela. Ao nosso lado, seguem os seres invisíveis que nos amam, que se interessam por nós e tudo fazem para o nosso bem-estar.

O que está errado, então? Com certeza, a nossa visão do que nos acontece.

Quando a tristeza nos invade no nascer do dia, provavelmente tivemos encontros espirituais, durante o sono físico, que para isso colaboraram.

Seja porque buscamos companhias não muito agradáveis ou porque não nos preparamos para dormir, com a oração. Seja porque reencontramos amores preciosos e os temos que deixar para retornar à nossa batalha diária, entristecendo-nos sobremaneira.

Ao nos sentirmos assim, busquemos de imediato a luz da prece, que fortalece e ilumina, espancando as sombras do desalento.

Abrir as janelas, observar a natureza, mesmo que o dia seja de chuva e frio. Verifiquemos como as árvores, quando castigadas pelos ventos e pela água, balançam ao seu compasso.

Passada a tempestade, se recompõem e continuam enriquecendo a paisagem com seus galhos, folhas, flores e frutos.

Olhemos para as flores. Mesmo que a chuva as despedace, elas, generosas, deixam suas marcas coloridas pelo chão, ou permitem-se arrastar pela correnteza, criando um rio de cores e perfumes pelo caminho.

Aprendamos com a natureza e afugentemos o desânimo com a certeza de que, depois da tempestade, retornará o tempo bom, o sol, o calor.

Não nos permitamos sintonias inferiores, porque se vibrarmos mal, nos sentiremos mal e, naturalmente, tudo se nos tornará mais difícil.

Nunca estaremos sós. Jesus está no leme das nossas vidas, atento, vigilante, e não nos faltará em nossas necessidades.

* * *

Se estamos tristes, abramos os ouvidos para as melodias da vida, melodias que soam das mais profundas regiões do amor Celeste.

Busquemos ajuda, peçamos socorro, não dando campo a essas energias de modo que possamos, na condição de filhos de Deus, alegrar-nos com tudo quanto o Pai construiu e colocou à nossa disposição a fim de que pudéssemos crescer, amar e servir.

O rei da persas

O grande rei dos persas, Ciro, durante uma de suas campanhas guerreiras, dominou o exército da Líbia e aprisionou um príncipe.

Levado à presença do conquistador ajoelhou-se perante ele o príncipe, e assim também os seus filhos e sua esposa. Os soldados vencedores, os generais da batalha, ministros e toda uma corte se juntou para tomar conhecimento da sentença real.

O rei persa coçou o queixo, olhou longamente para aquela família à sua frente, à espera de sua decisão e perguntou ao nobre pai de família:

Se eu te disser que te concederei a liberdade, o que poderias me oferecer em troca?

Rapidamente respondeu o prisioneiro:

Metade do meu reino.

Ciro continuou, paciente, a interrogar:

E se eu te oferecer a liberdade dos teus filhos, que me darás?

Ainda rápido, tornou a responder: A outra metade do meu reino.

Calmo, o conquistador lhe lançou a terceira pergunta:

E o que me darás, então, em troca da vida de tua esposa?

O príncipe sentiu o coração pulsar rapidamente no peito, parecendo arrebentar a musculatura. O sangue lhe subiu ao rosto, as pernas fraquejaram.

Reconhecia que, no anseio da liberdade dos seus, tinha oferecido tudo, sem se recordar da companheira de tantos anos, sua esposa e mãe dos seus filhos.

Foi só um momento mas, para todos, pareceu uma eternidade. Um sussurro crescente tomou conta do ambiente, pois cada qual ficou a imaginar o que faria agora o vencido.

Após aquele momento fugaz, ele tornou a erguer a cabeça e com voz firme, clara, que ressoou em todo o salão, disse:

Alteza, entrego a mim mesmo pela liberdade de minha esposa.

O grande rei ficou surpreso com a resposta e decidiu conceder a liberdade para toda a família.

De retorno para casa, o príncipe tomou da mão da esposa, beijou-a com carinho e lhe perguntou se ela havia observado como era serena e altiva a fisionomia do monarca persa.

Não, disse ela. Não observei. Durante todo o tempo os meus olhos ficaram fixos naquele que estava disposto a dar a sua própria vida pela minha liberdade.

* * *

Para quem ama, não há limites na doação. Quando dois seres se amam verdadeiramente dão origem a outras vidas e as alimentam, enquanto eles mesmos um ao outro sustentam, na jornada dos dissabores e das lutas.

O amor conjugal é, dentre as formas de amor, um dos exercícios do amor que requer respeito, paciência e dedicação. Solidifica-se através dos anos. E tanto mais se aprofunda quanto mais intensas se fazem as lutas e as conquistas de vitórias.

Para os que se amam profundamente não há lutas impossíveis, não existem batalhas que não possam ser vencidas.

* * *

Em todos os departamentos do Universo existe a mensagem do amor, que é o estágio mais elevado do sentimento.

O homem somente atinge a plenitude quando ama. Enquanto procura ser amado, sofre infância emocional.

Por isso, o importante é amar, mesmo que não se receba a recíproca do ser amado. O que é essencial é amar, sem solicitação.